sábado, 17 de outubro de 2015

Dia do Professor: Vilma Perpétuo, um exemplo de educadora por vocação

Mesmo aposentada, professora afirma que não pensa em deixar as salas de aula: "Só tenho alegrias"!

Márcio Rogério
Redação Nova News

Exercendo o ofício de professora desde 1978, Vilma Perpétuo dos Santos recebeu a reportagem do Nova News em sua sala de aula, local onde passa grande parte de sua vida. Com jeito atencioso peculiar de sua profissão, Vilma contou como foi a trajetória que a fez continuar atuando na área de educação, mesmo depois da aposentadoria.

Paranaense de origem, veio morar em Nova Andradina com a família quando tinha apenas 2 anos de idade. A partir de então, seu desenvolvimento se deu em meio às dificuldades da zona rural, pois morava em uma fazenda, o que tornara seu esforço pela alfabetização ainda maior, pois tudo era longe e para chegar à escola tinha que acordar de madrugada. "Isso nunca foi motivo de desistência de meu sonho de ser professora", conta ela.

Vilma afirma que ser professora é uma vocação e não uma profissão
- Almir Portela/Nova News

Assim que terminou a grade curricular, veio o magistério, mais uma luta, classifica Vilma, isso porque as aulas para formação acadêmica eram em Presidente Prudente (SP) e, novamente, o esforço tinha que ser provado. "Muitas vezes tive que pegar carona em tratores. Quando não conseguia carona, o jeito era andar a pé. Passava quase a semana fora e só retornava pra casa aos sábados e domingos. A dificuldade foi grande, mas a vitória veio", disse ela, ao lembrar de sua formação na década 70.

Ao exercer o ofício, ela optou por trabalhar com crianças que, assim como ela, eram da zona rural, foram mais de 30 anos dedicados aos alunos que moravam em sítios e fazendas, acordando às 3h20 para chegar até a sala onde lecionava. O que muitos comemorariam como um descanso e a oportunidade de abandonar a profissão, a chegada da aposentadoria foi mais um momento de prova para Vilma mostrar sua paixão em ser professora, optando em continuar em sala de aula ao lado dos alunos, porém, neste momento, em uma unidade educacional urbana.

"É muito gratificante ser professora. Você lida com crianças e elas precisam de carinho, ainda mais no mundo de hoje. Todas as manhãs eu abraço meus alunos e pergunto se está tudo bem com eles. É esse o papel do professor, dar o carinho que às vezes o aluno não recebe em casa”, pontua Vilma. Entre sala de aula e deveres de casa, a educadora teve que achar tempo para realizar outro sonho, o de ser mãe.

'Professor tem que dar carinho que às vezes a criança não tem em casa'
- Almir Portela/Nova News

O fato da filha, Vanessa Perpétuo dos Santos, também atuar na área de Educação, como coordenadora de escola, deixa a mãe orgulhosa. “Ela seguiu meus passos e isso é muito gratificante”, afirma a nossa entrevistada ao reafirmar que, mesmo estando com 53 anos de idade, nem pensa em parar de dar aulas. Questionada sobre algum tipo de frustração, a professora afirma que nunca teve este tipo de sentimento.

"Os melhores momentos pra mim, em sala de aula, são os dias do início de cada ano, quando chegam as carinhas novas. Durante o ano, a sala parece que diminui, porque eles crescem. É muito bom acompanhar o crescimento deles. Só tenho alegrias, mas frustrações não tenho", afirma Vilma.

O que nossa equipe percebeu em sala de aula, é que os pequeninos do 4º e 5º anos da Escola Municipal Pingo de Gente agradecem a decisão da "prô" em continuar em sala. Amada e respeitada pelos alunos, Vilma também desfruta do carinho das demais colegas professoras, além da diretora da unidade Maria Neuza de Souza Rosa.

Questionada sobre o que vem pela frente, ela deseja que no futuro haja professores com vontade de trabalhar e dar amor aos alunos, para que, no amanhã, essas crianças se tornem bons cidadãos. Segundo ela, dar aula é até fácil, desde que se saiba dar carinho e atenção.

'Como educadora não tive frustrações; não penso em parar de lecionar'
-Almir Portela/Nova News

Com a sensação do dever cumprido, ela reafirma que não pensa em parar, mesmo com uma condição social sólida, ela demostrou em todos os momentos que sua opção pela área educacional é por paixão. Ao finalizar, Vilma deixou um recado aos colegas de profissão, parabenizando a todos pelo Dia do Professor. Ela também deixou um recado para os futuros companheiros:

"Os resultados da Educação serão melhores se os professores do futuro tiverem amor por seus alunos, não por concurso, por estabilidade, mas sim por vocação para com o legado de educar, pois Educação é tudo. Um ladrão pode levar muita coisa, mas a Educação que há em nós é uma das coisas que ninguém pode nos tirar”, finaliza.

Dia do professor*

A origem do dia do professor se deve ao fato de, em uma data de 15 de outubro, o Imperador D. Pedro I ter instituído um decreto que criou o Ensino Elementar no Brasil, em 1827, com a criação das escolas de primeiras letras em todos os vilarejos e cidades do país. Além disso, o decreto estabeleceu a regulamentação dos conteúdos a serem ministrados e as condições trabalhistas dos professores.

Tempos depois, mais precisamente no ano de 1947, o professor paulista Salomão Becker, em conjunto com três outros profissionais da área, teve a ideia de criar nessa data um dia de confraternização em homenagem aos professores e também em razão da necessidade de uma pausa no segundo semestre, até então muito sobrecarregado de aulas.

Mais tarde, em 1963, a data foi oficializada pela lei Decreto Federal 52.682, que, em seu Art. 3º, diz que “para comemorar condignamente o dia do professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo delas participar os alunos e as famílias”. (*Dados do portal Brasil Escola).

Imagens: Almir Portela/Nova News